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Tamanduá-bandeira pode desaparecer em 20 anos

Publicado em: 2 de setembro de 2017 Atualizado:: setembro 2, 2017

 

Dentro de apenas 20 anos, o tamanduá-bandeira poderá desaparecer do Cerrado paulista, de acordo com um estudo realizado por uma pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Estima-se que a população da espécie já tenha sofrido redução de mais de 30% na região na última década. A alteração do hábitat por humanos, os atropelamentos, a caça, as queimadas, o uso de agrotóxicos e os conflitos com cães são as principais razões para o declínio, de acordo com a autora do estudo, a bióloga Alessandra Bertassoni. Segundo ela, caso as queimadas sejam suprimidas, a espécie ainda será viável por 30 anos. “O Cerrado paulista é extremamente fragmentado e impactos da ação humana aumentam a vulnerabilidade da espécie, elevando o nível de ameaça.

Temos um cenário de, no máximo, 30 anos para o tamanduá-bandeira na região”, disse Alessandra ao Estado. A pesquisa foi realizada na Estação Ecológica de Santa Bárbara, na região de Avaré (SP), ao longo de dois anos, para o doutorado de Alessandra, que já estuda a espécie há uma década. Para descobrir por onde os tamanduás-bandeira se movimentam e qual a abrangência de seus territórios, a bióloga precisou capturar oito indivíduos e monitorá-los por GPS ao longo de três meses. A pesquisadora recebia o sinal do GPS por e-mail e conseguia, assim, saber onde cada um dos animais estava no intervalo de uma hora. Com a ajuda de uma equipe que envolvia veterinários, biólogos e técnicos, Alessandra capturou os animais, utilizando grandes puçás ou anestésicos. “A captura não é nada fácil. Primeiro: é preciso encontrar um indivíduo, porque os tamanduás não caem em armadilhas. Para isso é preciso fazer um estudo prévio sobre a atividade do animal, para aumentar a chance de acerto”, explicou.

Pelagem – Além de estudar os indivíduos espacialmente, a bióloga também tinha o objetivo de descobrir se era possível identificá-los com base na pelagem. A identificação, que foi feita com a ajuda de armadilhas fotográficas, foi o que possibilitou avaliar o grau de vulnerabilidade da população, segundo ela. Alessandra conta que muita gente acreditava ser impossível fazer a distinção entre os indivíduos. Mas sua longa experiência com o tamanduá-bandeira indicava ser possível desenvolver um método para diferenciá-los. E foi o que ela fez, estabelecendo um conjunto de características relacionadas a certos padrões da pelagem.

“Para observar todas as características, eu posicionei em trilhas pares de câmeras, uma de frente para outra. Quando o animal passava, o infravermelho acusava o movimento e fazia diversas fotos dos dois flancos”. O trabalho foi exaustivo: a pesquisadora precisou analisar pessoalmente quase 15 mil fotos. A maior parte não tinha a qualidade necessária para a análise, ou era de fotos de “intrusos” como lobos-guará, quatis, porcos, capivaras, tatus e cães. Mas o resultado valeu a pena. “Com a identificação desses nove indivíduos, e considerando as ameaças detectadas, o tamanho da área e diversas outras variáveis, usei um software que permitiu calcular o quanto essas populações estão ameaçadas”, ressaltou ela.  BN


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