Publicado em: 28 de agosto de 2020 Atualizado:: agosto 28, 2020
O delegado Paulo Alexandre Freisleben da Silva disse que a mulher confessou o crime e que ele foi premeditado. Ele informou que não iria divulgar o nome da mulher e do marido por causa da Lei de Abuso de Autoridade. Até as 16h, nenhum advogado havia se apresentado para fazer a defesa dela.
A bebê foi internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Segundo uma amiga da vítima informou ao G1 SC, o nascimento da menina estava previsto para 22 de setembro.
Polícia encontrou o corpo da mulher em cerâmica desativada — Foto: Lucas Eccel/Rádio Clube fm 88.5
A vítima estava desaparecida desde a tarde de quinta-feira (27). Segundo o delegado Paulo Freisleben da Silva, ela teria sido levada até o local do crime por uma amiga.
“Ela [suspeita] disse engravidou em outubro do ano passado e perdeu esse bebê em janeiro, mas não comunicou aos familiares, inclusive nem teria falado para o marido, que estaria muito empolgado com a gravidez dela. Ela manteve a alegação da gravidez e neste período começou a cogitar o homicídio da vítima em razão da coincidências de prazos da gestação. Ontem [quinta] ela disse pra vítima que iria fazer um chá de bebê e convidou a vítima para participar”, explicou Silva.
No entanto, a amiga acabou levando a vítima até a cerâmica desativada, afirmando que seria um ponto de encontro com outros convidados. No local, ela atingiu a vítima com tijoladas na cabeça. “Depois, com um estilete fez o corte na barriga para tirar o bebê do ventre da mãe. A ideia dela era matar a mulher e ficar com a criança”, disse o delegado.
O estilete foi encontrado no local do crime. O corpo da vítima foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) em Balneário Camboriú, no Litoral Norte. Ainda não há previsão do laudo com as causas da morte, de acordo com o órgão.
“Ela [suspeita] é extremamente fria, em momento algum ela demonstrou algum tipo de arrependimento ou algum tipo de culpa em relação a toda a situação”, afirmou o delegado.
Corpo de mulher grávida que estava desaparecida foi localizado em Canelinha — Foto: Lucas Eccel/Rádio Clube fm 88.5
O delegado explica que depois do crime, a suspeita teria enviado mensagens por volta das 17h de quinta para profissionais da área da saúde simulando o próprio parto em via pública. Ela também citou ao delegado que teria recebido ajuda de populares para conseguir chegar até o condomínio onde reside.
Ainda de acordo delegado, a suspeita junto com o marido foi ao Hospital e Maternidade Maria Sartori Bastiani, em Canelinha, onde voltou a dizer que havia tido um parto e levou o recém-nascido. Na unidade de saúde, a Polícia Militar foi acionada pela equipe médica, por volta das 21h, por uma suspeita de lesão corporal contra uma criança.
“Foi constatado o fato que ela [recém-nascida] tinha cortes profundos provocados por um objeto cortante. Diante da informação, não havendo outros indícios do cometimento de um homicídio, apenas a lesão corporal, lavrou um boletim de ocorrência e seguiu as atividades normais”, disse o tenente-coronel da Polícia Militar Daniel Nunes.
Nunes explica que chegou até a suspeita após a PM receber a informação de que havia uma grávida desaparecida e que a última pessoa que ela teve contato seria a amiga supostamente gestante, que teria chegado até o hospital para ser atendida.
“Voltamos ao hospital e fazendo todo o contato e uma nova entrevista com a suposta parturiente, a qual confessou que tinha cometido o homicídio para subtrair a criança da vítima […] se trata de um crime premeditado para a subtração de um bebê”, disse.
O delegado explica que durante o primeiro atendimento da mulher, a equipe identificou que ela não tinha indícios “de ter feito um parto recente”. A unidade de saúde não informou mais detalhes do caso, mas disse que médicos e funcionários vão prestar depoimentos durante esta tarde em Tijucas.
Ainda de acordo com o delegado, o casal foi autuado em flagrante por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e lesão corporal gravíssima na criança.
Nos próximos dias, a Polícia Civil vai fazer diligências complementares para verificar se houve participação de outras pessoas no crime.
A vítima estava grávida de 38 semanas e era diabética, informou a Prefeitura de Canelinha. Ela é pedagoga e já trabalhou como professora temporária. Neste ano, ela estava trabalhando em uma loja. Por estar no grupo de risco do coronavírus, estava afastada do trabalho presencial.
Na quinta-feira (27), ela saiu de casa a pé para ir em a chá de bebê surpresa, segundo Jeisiane Benevenute, amiga da vítima desde a infância e escolhida para ser madrinha da bebê junto com outro casal.
Sem ter notícias da amiga até a noite de quinta, Jeisiane e a família fizeram postagens em redes sociais informando o desaparecimento. Pela manhã, amigos e familiares souberam que o corpo foi encontrado.
“A família viu ela morta. Agora me acalmei, mas hoje de manhã quando eu soube da morte, desabei”, disse.
Cerâmica desativada em Canelinha onde foi encontrado o corpo de mulher grávida — Foto: Polícia Civil/ Divulgação