
Publicado em: 20 de agosto de 2019 | Atualizado: agosto 20, 2019
O homem que sequestrou um ônibus na Ponte Rio-Niterói na manhã desta terça-feira (20)disse aos reféns que não queria machucá-los e chegou a exigir R$ 30 mil para libertá-los, afirma um dos passageiros do veículo.
“Ele pediu para o motorista parar o ônibus, as pessoas começaram a estender seus pertences. Depois, ele avisou para o pessoal: ‘Olha, o ônibus está sendo sequestrado, mas não quero os pertences de vocês, não quero machucar vocês’. Ele estava muito calmo, muito tranquilo”, relata o passageiro Hans Miller Moreno.
De acordo com ele, quando o sequestrador entrou no coletivo, por volta das 5h30, no Mocanguê, próximo à base da Marinha, os passageiros pensaram se tratar de um assalto. A ação durou cerca de três horas e meia.
“Ele tinha coerência, estava muito calmo, muito tranquilo. Falava que estava com uma garrafa de gasolina, mas não falou que ia tacar fogo no ônibus em nenhum momento”, conta o refém.
Policiais militares que estavam no local, no entanto, disseram que o homem parecia desorientado.
Identificado como William Augusto da Silva, de 20 anos, o criminoso foi baleado e morto por um atirador de elite do Batalhão de Operações Especiais (Bope). William havia descido do coletivo e jogado um casaco para os policiais. Quando ia subir a escada para reembarcar, foi alvejado.
Willian se dizia policial militar, mas não passou pela corporação. Segundo o porta-voz da Polícia Militar, a arma que o bandido usava era de brinquedo.
Todos os 37 reféns foram liberados sem ferimentos, segundo informações da PM.
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O sequestrador do ônibus da viação Galo Branco é visto na ponte Rio-Niteroi — Foto: Ricardo Cassiano/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Ainda segundo o passageiro Hans Moreno, o criminoso quebrou a câmera do ônibus com uma faca e pintou com um spray a janela do motorista. Seis passageiros foram liberados após apelo das pessoas que estavam no ônibus.
“Ele pintou as janelas com tinta spray e ficou um cheiro muito forte. Então, tinha duas senhoras que estavam passando mal, e ele decidiu liberá-las primeiro. Depois, um senhor passou mal com problemas nos rins e ele liberou também. Depois, outro senhor com problema de pressão e nós, os passageiros, íamos negociando com ele, e ele ia deixando as pessoas saírem”, disse Moreno.
“Ele não exigia coisas, nada. Ele só perguntava como estava o engarrafamento a todo momento. Ele ria muito, fazia piada com a gente. E, aí, teve um momento em que ele disse que só iria liberar depois de um pagamento de R$ 30 mil. Mas não falava muita coisa”, relembra o passageiro.
William pediu, então, para que uma das reféns amarrasse as mãos das pessoas que estavam no ônibus e informou que tinha gasolina.
Assim como relatou Hans, o marido de uma das passageiras informou que William aparentava estar muito calmo e que, apesar de armado, não ameaçava nenhum passageiro.
Alguns reféns fotografaram o sequestrador durante a ação. “Todo mundo estava muito nervoso, pensei que ia morrer”, afirmou o passageiro Walter Freire, que também foi feito refém.
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Imagens feitas por passageiros dentro de ônibus sequestrado — Foto: Reprodução/ Redes sociais
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Sequestro de ônibus na Ponte Rio-Niterói; criminoso foi morto por atirador de elite — Foto: Infográfico: Juliane Souza/G1
Em dado momento durante as negociações, a Polícia Militar pediu que a imprensa se afastasse ainda mais do cordão de isolamento que protegia o ônibus e os passageiros.
Segundo o passageiro Hans Moreno, o sequestrador assistia a toda ação por meio do celular de uma das reféns.
Depois de mais de três horas de sequestro, às 9h04, William desceu do ônibus e foi morto por um atirador de elite.
“Nós ouvimos os tiros, as pessoas se abaixaram e, logo depois, a polícia entrou, os policiais do Bope entraram no ônibus dizendo que estava tudo bem, que tinham contornado a operação”, afirmou Hans, enquanto recebia, junto com os outros reféns, atendimento médico dos bombeiros na via.
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Após mais de 3h de cerco, um sequestrador que manteve passageiros de um ônibus como reféns na Ponte Rio-Niterói foi morto por um atirador de elite do Bope na manhã nesta terça-feira (20) — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
O governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, comemorou o desfecho do sequestro de um ônibus na Ponte Rio-Niterói na manhã desta terça-feira (20).
Segundo ele, os reféns e os familiares do sequestrador serão amparados pelo estado. De acordo com Witzel, a família do homem chegou a pedir desculpas pelo ocorrido.
“Conversei com familiares dele, um deles me pediu desculpa. Mas ele queria pedir desculpas e pediu à toda sociedade, pediu desculpas aos reféns, disse que alguma coisa falhou na criação e a mãe está muito abalada. Vamos também cuidar da família dele, tentar entender o problema para que outros não ocorram”, destacou o governador.
