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Caso da criança que morreu após ter atendimento negado será levado à Justiça

Publicado em: 7 de dezembro de 2020 Atualizado:: dezembro 7, 2020

 

A Federação Brasileira de Defesa dos Direitos Humanos (FBDH) disse, nesta segunda-feira (7), que vai levar para a Justiça o caso da menina Eloísa Vitória, de 2 anos, que morreu em Itabuna, no sul da Bahia, após a família não conseguir atendimento médico na UPA e em um hospital da cidade.

“Diante mão, a gente vai apresentar a denúncia ao Ministério Público para eles apurarem todos os fatos. Diante mão também, já pedi assistência social para eu acompanhar a família. Já constituí o advogado para a família para entrar na esfera cível. O que a gente vai fazer é todos os procedimentos legais dentro do direito, que houve as violações, é uma vida que se foi”, explicou o advogado da FBDH, Diego Almeida.

Nesta segunda, a família de Eloísa foi atendida por um delegado e pelo advogado Diego Almeida. Eles ofereceram apoio à família e disseram que vão auxiliá-la a cobrar as responsabilidades sobre a morte da criança na Justiça.

Segundo a família da pequena Eloísa, ela começou a passar mal na última quarta-feira (2) e, no sábado (5), a situação se agravou. Ela estava sentindo fortes dores abdominais. A família procurou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Monte Cristo e no Hospital Manoel Novaes, mas não conseguiu em nenhuma das duas unidades.

Garota de dois anos morre após não conseguir atendimento em UPA e em hospital de Itabuna — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Garota de dois anos morre após não conseguir atendimento em UPA e em hospital de Itabuna — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

“Nós não tínhamos condições, não tínhamos dinheiro naquele momento, mas tinha como eles [funcionários da unidade] levarem, porque tinha uma ambulância. Só que eles mandaram a gente voltar. Eles sabiam a situação da menina, ainda pedindo: ‘pelo amor de Deus, salva minha filha'”, contou Gilmara Rodrigues, mãe de Eloísa.

“Nem médico na porta da UPA quando nós chegamos saiu. Quem atendeu mesmo foi só o balconista, lá não atendia, só estava atendendo caso de Covid, mas o que custava pelo menos sair uma [enfermeira] de lá para vir olhar a menina? Para ver como ela estava? Que aí já encaminhava direto para o Ester Gomes. Não, só fez falar para levar para o Novaes, que lá atendia”, relatou Eliomar Ribeiro, padrasto de Eloísa.

Na certidão de óbito da menina, a causa da morte está como desconhecida. Eloísa Vitória foi sepultada no domingo (6), em Itabuna.

A Santa Casa de Misericórdia, que administra o Hospital Manoel Novaes, informou por meio de nota que conforme contrato com a Prefeitura de Itabuna, só está autorizado a atender pacientes de cirurgias eletivas e pacientes devidamente regulados pela gestão local do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse fluxo foi estabelecido em contrato firmado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

De acordo com a Santa Casa, a SMS estabeleceu ainda que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Monte Cristo e a Maternidade Ester Gomes são os únicos com atendimento de portas abertas SUS. Informou ainda que existiu um equívoco na informação de que foi negado atendimento à criança.

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Monte Cristo, em Itabuna, no sul da Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Monte Cristo, em Itabuna, no sul da Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Disse ainda que não procede a versão de que os pais da criança teriam sido informados que a unidade só atende pacientes particulares. Desde quando o município estabeleceu o fluxo, a unidade foi estruturada para o atendimento apenas a pacientes regulados, e desde então não atende pacientes particulares em regime de urgência/emergência.

A Santa Casa lamentou que a criança tenha perdido a vida e disse que o problema de saúde deveria ter sido identificado e tratado na assistência básica, com estrutura de Unidades Básicas de Saúde/Programa Saúde da Família (UBS/PSF).

Em nota, a Prefeitura de Itabuna disse que, depois da menina ter chegado à Unidade de Pronto Atendimento pela primeira vez, os pais foram orientados a encaminhá-la à maternidade, porque a UPA está atendendo somente casos de adultos acometidos pela Covid-19. No entanto, ela foi levada ao Hospital Manoel Novaes, que é administrado pela Santa Casa de Misericórdia.

Ainda de acordo com a nota, retornando à UPA, a menina já não tinha mais sinais vitais. Segundo a família, ela já apresentava um quadro de diarreia, febre e expulsava vermes pela boca.


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