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Aumentam os casos de doenças respiratórias, principalmente entre crianças

Publicado em: 20 de maio de 2022 Atualizado:: maio 20, 2022

A queda de temperatura no outono provocou um efeito colateral claro no sistema de saúde: a disparada no registro de doenças respiratórias, principalmente entre crianças.

Foi só o tempo mudar para o Miguel começar a tossir e ficar com o nariz entupido. A mãe achou melhor levar logo o filho para o hospital.

“Tossindo muito, e só foi piorando, né? Por causa do frio, dessas coisas. Ele está tendo muitos sintomas respiratórios”, conta Luiza Ortega.

 

E essa tem sido a rotina de muitos pais. Sara de Jesus Souza disse que, no ano passado, a filha quase não saiu de casa e não ficou doente. Este ano, Melissa, que nasceu durante a pandemia, começou a frequentar a creche. Aí os problemas respiratórios começaram a aparecer.

“Ela está com tosse e está vomitando. Ela não está conseguindo engolir, acho que a garganta dela deve estar inflamada. E na creche tem muito menino gripado também”, destaca.

O infectologista Renato Kfouri, presidente do setor de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que no outono é comum aumentar os casos de doenças respiratórias em crianças. Mas que, neste ano, outros fatores contribuíram para a escalada de casos.

“O afastamento, o uso de máscara, a não frequência a escolas, fez com que houvesse um represamento da circulação desses vírus. E aquelas crianças nascidas de 2019 para cá – nunca expostas a vírus, a contato com baixas taxas de contaminação -, agora, com o retorno às atividades, com a volta às aulas, estão se infectando com muita frequência. Poucas vezes nós vimos um outono com tantas doenças respiratórias como desta vez”, explica.

 

 

 

Em Minas Gerais, no Hospital Infantil João Paulo II, que é referência em pediatria no estado, só este ano – entre janeiro e abril – o número de atendimentos de crianças com sintomas de doenças respiratórias aumentou quase 145% em relação ao mesmo período de 2021.

“O nosso sistema de saúde já está bem sobrecarregado, o pronto-atendimento com muita fila. Então, a gente evita trazer os quadros leves. A grande maioria das crianças vai ter uma síndrome gripal. Então, tosse, coriza, espirro, febre baixa, não é motivo para vir ao pronto-atendimento. Caso a gente tenha alguns sinais de alarme, aí sim é recomendável avaliação presencial. São eles: febre persistente por mais de cinco dias, esforço respiratório, prostração ou sonolência excessiva, recusa de líquidos e de via oral são sinais que a gente prender mais atenção”, afirma Daniela Otoni, pediatra infectologista do hospital.

 

Hospitais lotados se repetem em todo Brasil. Nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados do Ministério da Saúde, houve um aumento de 30% nas internações de crianças de até 5 anos por síndrome respiratória aguda grave em relação ao mesmo período do ano passado.

Mariana Fortunato Malta achou que era apenas uma gripe, mas a filha, de quatro meses, já está internada há duas semanas, com bronquiolite.

“A gente que é mãe quer o filho junto. E aí, sabendo que ela está internada, a gente fica preocupada, mas também sabe que ela precisa do cuidado, não tem como. Então, para ela, é muito melhor ficar internada aqui e estar sendo cuidada do que ficar em casa”, diz.

 

Os adultos também têm sofrido com as doenças respiratórias.

No pronto-socorro onde os casos de dor no peito e doenças do coração costumam ser as principais queixas dos pacientes, o perfil de quem busca atendimento aqui mudou na última semana. Agora, as doenças respiratórias têm lotado a sala de espera.

Os médicos de um hospital particular em São Paulo começaram a notar um aumento no número de casos de síndromes gripais em março, quando, em média, eles atendiam 13 pacientes com esses sintomas. Em abril, já foram 24 e, em maio, 45.

O superintendente médico do Hcor Gabriel Dalla Costa explica que, entre esses pacientes, aumentou também o número de casos confirmados de Covid.

“A flexibilização do uso de máscaras talvez seja o principal motivo para o aumento desses casos, e podemos fazer inferências também a subvariantes e variantes da ômicron, por exemplo, bem como a questão sazonal – porque a sazonalidade, o frio, faz com que as pessoas convivam de maneira mais próxima em ambientes fechados – também possam ser elementos que façam ter um aumento de número de casos”, afirma.

 

Os números da prefeitura mostram que nos outros hospitais públicos e particulares de São Paulo os casos de gripe também aumentaram. No total, passaram de 16 mil em março para 23 mil agora em maio.

Os médicos explicam que é de se esperar mesmo que mais gente tenha doenças respiratórias nesta época do ano e alertam que a melhor maneira de se proteger é se vacinar contra gripe e contra a Covid. E o esquema vacinal precisa estar completo. Até quinta-feira (19), só pouco mais da metade da população adulta tinha tomado a primeira dose de reforço contra a Covid. Roraima e Amapá são os estados com menores percentuais.

Os números também estão baixos em relação à vacina da gripe. Segundo o Ministério da Saúde, menos de 40% do público já se vacinou.

A médica Rosemeri Maurici, da Sociedade Brasileira de Pneumologia, diz que a Covid ensinou todo mundo a se proteger das doenças respiratórias.

“O fato de ter sido vacinado no ano anterior não nos torna imunes à gripe no ano seguinte. Então, a vacina deve ser feita anualmente. Isso com certeza vai reduzir a incidência das infecções respiratórias. Porém, o uso da vacina é muito importante. Então, não podemos esquecer da vacina contra a influenza e também do reforço da vacina para a Covid para quem ainda não realizou”, ressalta.


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