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Após Brasil receber chanceler russo, Amorim visitará a Ucrânia, diz ministro

Publicado em: 21 de abril de 2023 Atualizado:: abril 21, 2023

O Itamaraty afirmou, hoje (21), que Portugal pode ser um importante aliado do Brasil no contexto das negociações para a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo português tem se mostrado um defensor do tratado. O primeiro-ministro português Antônio Costa disse, em outubro do ano passado, que eventual não ratificação do acordo seria um “erro histórico”.

 

Aprovado em 2019, após 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-União Europeia de livre comércio precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor, uma tramitação que envolve 31 nações. Ele cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.

 

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o acordo entre os dois blocos será tratado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas conversas com portugueses e espanhóis na visita à Europa que começou nesta sexta-feira (21).

 

Comércio e investimentos

O comércio entre Brasil e Portugal foi de US$ 5,26 bilhões em 2022, aumento de 50,8% em relação ao ano anterior. As exportações brasileiras totalizaram US$ 4,27 bilhões. O petróleo representa 59% do volume total das exportações do Brasil para Portugal. Já os produtos agrícolas constituem 20% do total exportado. Os produtos agrícolas portugueses representam cerca de 45% das importações feitas pelo Brasil.

 

Portugal é o 16º país com mais investimentos no Brasil, com US$ 10,7 bilhões, segundo dados do Banco Central. Os setores de energia – exploração e produção de petróleo e gás, além de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia – concentram a maior parte do volume investido.

 

O volume de investimentos brasileiros em Portugal é de US$ 4,2 bilhões, especialmente nos setores aeronáutico, siderúrgico, turismo, hotelaria, hospitalar e infraestrutura.

 

Visita oficial

Os compromissos oficiais começam amanhã (22), quando o presidente Lula participará de uma cerimônia de boas-vindas na Praça do Império, em frente ao Mosteiro do Jerônimo, e da deposição de flores junto ao túmulo do poeta português Luís de Camões, no interior do mosteiro. Na sequência, Lula tem encontro bilateral com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

 

Em seguida, haverá almoço oferecido pelo primeiro-ministro Antônio Costa e, à tarde, ocorre a 13ª Cúpula Luso-Brasileira, no Centro Cultural de Belém, com a assinatura dos acordos bilaterais. Inicialmente, os dois chefes de governo têm reunião reservada, seguida de uma plenária com as duas delegações.

 

Segundo o Palácio do Planalto, serão assinados pelo menos 13 acordos e parcerias com o governo português.

 

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Mâcedo, declarou, nesta sexta-feira (21), que Celso Amorim, chefe da assessoria especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), viajará em breve para a Ucrânia.

 

A declaração de Mâcedo aconteceu em Lisboa, onde Lula cumpre agenda oficial.

 

Na ocasião, ele ainda defendeu que o Brasil mantenha neutralidade no conflito que acontece no Leste Europeu. O ministro se encontrou com um grupo de ucranianos que fez uma carta de protesto às recentes declarações do chefe do Executivo brasileiro.

 

“Encaminhei a carta ao presidente Lula que prontamente leu, e reforçou a posição do governo brasileiro de promover esforços internacionais para uma paz mediada entre Rússia e Ucrânia”, explicou Mâcedo.

 

“Por determinação do presidente da República, o assessor especial para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, vai a Kiev para um encontro com o presidente Volodymyr Zelensky. A pedido do presidente Lula, que o Brasil está empenhado em contribuir para a promoção do diálogo e da paz, e o fim deste conflito.”, continuou.

 

Durante viagem aos Emirados Árabes Unidos no último domingo (16), Lula afirmou que “a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”.

 

Ele avaliou que a paz é a melhor forma de estabelecer um processo de conversação, mas “do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil”. Ainda defendendo as conversas, expôs ser necessário envolver também Estados Unidos e União Europeia.

 

Lula também ponderou que “o presidente [Vladimir] Putin não toma iniciativa de paz. O [Volodymyr] Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”.

 

Encontros de Celso Amorim

No começo deste mês, Celso Amorim viajou para Moscou e esteve no Kremlin para discutir a guerra. À CNN ele explicou que não estão “totalmente fechadas” as portas para uma negociação de paz com a Rússia.

 

Amorim esteve junto do presidente russo Vladimir Putin por cerca de uma hora na mesma mesa em que Putin tem recebido chefes de Estado, mantendo uma enigmática distância. “Ficamos a uns oito metros um do outro”, brincou o conselheiro de Lula, em conversa com a CNN.

 

Os dois conversaram por meio de intérprete — o brasileiro em inglês, o anfitrião em russo.

 

Quando a viagem foi organizada, com máxima discrição, não havia certeza — e nem expectativa firme — de um encontro com Putin. Amorim foi recebido pelo secretário do Conselho de Segurança, Nikolai Patrushev, e pelo principal assessor do Kremlin para assuntos internacionais, Yuri Ushakov.

 

Também teve um almoço com o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

 

“Quando eu saí daqui [de Brasília], não havia nenhuma certeza se falaria com Putin. Aliás, isso não estava nem previsto”, disse Amorim.

 

No começo da reunião, os dois falaram um pouco sobre temas bilaterais: o fluxo comercial entre Brasil e Rússia, o fornecimento de fertilizantes, a possibilidade de uso das moedas locais para compensar exportações e importações. Depois, entraram nas questões relativas à guerra.

 

“Dizer que as portas estão abertas [para uma negociação de paz] seria exagero, mas dizer que elas estão totalmente fechadas também não é verdade”, afirmou Amorim à CNN.

 

“Não há solução mágica [para interromper o conflito]. Mas haverá um momento em que, de um lado ou de outro, surgirá uma percepção de que o custo da guerra — não só o custo político, mas humano e econômico — será maior que o custo das concessões necessárias para a paz.”

 

Amorim continuou: “Minha sensação é de que esse momento ainda não chegou, mas pode chegar mais rápido do que se pensa. E aí a existência de um grupo de países ‘neutros’ — nisso é necessário colocar aspas — pode ajudar”.

 

De Putin, diretamente, o ex-chanceler brasileiro disse ter percebido claramente a visão de que os impasses que levaram à guerra e mantêm o conflito foram causados pelas potências ocidentais. “Mas havia o desejo de deixar alguma margem para que, em uma situação futura, haja algum tipo de negociação”, ponderou.

 

Para Amorim, pode haver uma percepção dos dois lados de que é possível vencer a guerra. No entanto, ele vê algo mais amplo.

 

“Às vezes, sentimos do lado ocidental um certo cansaço de algumas forças [com a guerra]. Lá na Rússia, isso é menos perceptível. Em Moscou, não há a sensação de um país em guerra”, relatou.

 

Sergei Lavrov no Brasil

Sergei Lavrov esteve nessa semana no Brasil. Na segunda-feira (17) ele agradeceu o Brasil pela contribuição para a solução do conflito na Ucrânia, comentário que vem em meio aos repetidos pedidos do presidente Lula pela criação de um grupo de países para negociar o fim da guerra.

 

Em entrevista coletiva após reunião com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, em Brasília, Lavrov disse ainda que a Rússia vai se manifestar a favor da participação do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Na ocasião, Vieira reiterou a posição brasileira a favor do cessar-fogo e de uma solução pacífica para a guerra na Ucrânia em reunião com o chanceler russo.

 

O chanceler brasileiro reafirmou na conversa a disposição brasileira de facilitar a formação de um grupo de países amigos para negociar o cessar-fogo, ao mesmo tempo que voltou a dizer que o Brasil é contra sanções unilaterais.

 

Vieira afirmou ainda que Lavrov reiterou o convite para que Lula faça uma visita oficial à Rússia.

Fonte: CNN


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